quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Lupanar

Estas são as produções correspondentes à proposta que levamos no sétimo encontro (cf. "Encontros"). Os nomes dos autores são pseudônimos.


Proposta: lupanar. Objetivo: trabalhar o vocabulário do poema "O elixir do pajé", de Bernardo Guimarães. O lupanar é uma atividade lúdica de escrita em que se fornecem vocábulos muito exóticos, cujo significado seja desconhecido da maioria dos participantes. Então, pede-se a produção de um texto que contenha todas as tais palavras. Para contornar a dificuldade, muitos tentam fazer associações com a forma da palavra, seja a forma escrita seja a forma sonora. Mais especificamente: joga-se com a dicotomia significante x significado, a qual compõe o signo.

A lista é a seguinte: cona: vulva; peta: mentira; endefluxar-se: constirpar-se; pívia: masturbação masculina; manitó (manitu): entre os índios alonquinos dos EUA, energia vital, imanente a homens, animais, plantas, fenômenos da natureza; triaga (teriaga): medicamento caseiro, antídoto contra veneno; inúbia: tipo de trompeta de guerra dos índios tupi-guaranis; boré (toré): trompeta; marzapo: pênis; crica: vulva.

O BANQUETE ESTRANHO

por Carmina Joana

Ao sair do manitó, encontrei meu amigo Carlos, que me disse:
- Olha, sua peta está aparecendo!
Enrubesci e pensei cá com os meus botões:
- Tinha que ser ele para usar essa linguagem pívia.
Afugentei os pensamentos chulos e fui juntar-me ao grupo. Parecia estar havendo uma discussão acalorada. Lizandra era a mais exaltada. Não é para menos, eita mulherzinha crica! Achei um lugar bem ao lado da Lia - meu amor não declarado - que conversava com Cláudio. Que olhos, que lábios, que maravilha seria endefluxar-se naquele olhar. Sem perceber, foram chegando os pratos daquela culinária exótica e multicultural. Disseram que era teriaga ao molho toré. Carlos, o engraçadinho, propôs:
- O primeiro a provar é o Miguel, que tem o paladar refinado, assim como o seu linguajar!
Lia voltou-se para mim e sorriu.
Desajeitadamente, experimentei o prato principal.
Senti uma ardência, um calor, um fogo na garganta e por fim, desavergonhadamente, pus a cona para fora.
Lágrimas escorreram de dor e de vergonha. Lia me abraçou. Inúbia e bela, beijou-me e assim, permaneci em seus braços.
Terminamos a noite degustando um bom mazarpo.
_________________________________________________
O DIA EM QUE MEU AURÉLIO PIFOU
por Mr. Polifrases
O que ela queria mesmo, depois daquele estafante dia de trabalho, era indefluxar-se na cama, cona e pívia relaxadas, e pensar na vida.

Mas, inúbia e crica que era, não conseguia tirar da cabeça a peta que levaria por conta do que havia feito com o Marzapo.

Agora sim é que o Marzapo iria contar para todo mundo, como de fato contou, que ela era a maior teriaga, toré que havia pisado a terra desde que o homem caminha sobre duas pernas.

Um comentário:

Escrevivendo disse...

Gente,

Contra todo tipo de mau humor... É muito engraçado!

Carmina Joana, você elaborou esse primor em 10 minutos!!!!

Loreta