segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Terceiro encontro (25-10-2008)


Trate-me como a página de um livro.
Nagiko, em O livro de cabeceira


Caros amigos,

No encontro deste sábado estivemos acompanhados da obra-prima que é o filme O livro de cabeceira (Pillow book, 1996), de Peter Greenaway (roteiro e direção). Não temos pretensão nenhuma de resumi-lo aqui, mas apenas de citar seus grandes temas e relatar o porquê dele no Escrevivendo Memórias Eróticas e como foi sua recepção em nossa turma.

O livro de cabeceira tem como protagonista uma japonesa cuja maior obsessão é a escrita e tudo que a envolve: textura do papel, seus odores, a espessura do pincel (utilizado na escrita oriental) e a tinta. Tudo pareceria muito comum e corriqueiro se a linda menina não escrevesse em corpos, a partir de um ritual ensinado a ela por seu pai, aos 5 anos de idade. Aos 5 anos também ela conhece o O livro de cabeceira de Sei Shonagon, o qual completaria mil anos quando ela completasse 28.

A película é mais importante para o Escrevivendo Memórias Eróticas do que podem pensar os escreviventes. Karen Kipnis, nossa coordenadora, revelou-lhes que o curso, na verdade, foi feito para o filme (ver coluna ao lado esquerdo), o que parece bastante apropriado, uma vez que estão em jogo a escrita e o sensual, corporal, carnal, erótico - parfait mélange.

Após a exibição do filme para a turma, fizemos um rapidíssimo intervalo e passamos a discutir o filme. Antes de dar nossa leitura, quisemos, como sempre, ouvir os escreviventes, cuja sensibilidade e senso crítico são tão apurados. Muitos gostaram dele, muitos não gostaram, mas certamente todos o estranharam muito. Posto que o estranhamento (ostraiênie) - como diria Chklóvski (1) em seu ensaio "A arte como procedimento" (2) -, é próprio da arte, teríamos, então, de saber por meio de que elementos o diretor o logrou, o que levaria também à discussão sobre os elementos eróticos do filme.

Os comentários, como sempre, não seguem nenhuma ordem especial, pois vai se dizendo aquilo que toca mais a fundo cada participante; cremos, entretanto, que, no geral, deram conta dos elementos mais importantes do filme, quais sejam - no âmbito mais superficial - a tradição oriental x a efemeridade ocidental; o valor da caligrafia para as escritas orientais; o preconceito contra a literatura e a dificuldade de publicar a própria obra. No âmbito mais profundo, surgiram comentários sobre a relação sensorial/ sensual entre a obsessão pelo corpo e pela escrita/ caligrafia, esta remetendo ao sentido da visão, e o papel, ao do tato e do olfato. Ambos, corpo e caligrafia, sempre estiveram ligados ao sagrado, ao Bom e ao Belo, daí a coerência e, até mesmo, necessidade de uni-los ("Há os prazeres da carne e os da literatura; eu tive o prazer de desfrutar os dois", diz Nagiko). O escrever na alma é completamente distinto, e ainda mais sério do que tingir o corpo com letras ("Escrever sobre o amor é encontrá-lo", haja vista que "Tudo se acaba ou se consome, menos o amor", diz Nagiko).














Além disso, refletimos também sobre a linguagem cinematográfica do filme. Lendo o ensaio de Maria Esther Maciel (3) (ver em http://www.revista.agulha.nom.br/ag23greenaway.htm), nós, mediadoras, chamamos a atenção dos escreviventes também para a busca de uma nova narratividade, buscada por Peter Greenaway, o que se mostra muito pertinente a nosso tema - memórias. Na narração, ainda mais no caso de um diário, busca-se selecionar fatos da memória e organizá-los de certa forma, entretanto ninguém tem exato controle sobre como funciona tal processo de seleção dos eventos experienciados. É com as listas - gênero que aparece insistentemente em O livro de cabeceira e em outras obras de Greenaway - que o cineasta, dialogando com Borges, parodia a tentativa de cosmogizar o caos - natural - que são a memória e o mundo "real". As listas, portanto, são um sucedâneo à narração tradicional, porém, como é impossível aquela organização, todas as listas resultam fantásticas. Segundo Maciel, trata-se não de "classificar racionalmente o universo, mas de revelar - através da ficção - o caráter arbitrário de todos os sistemas de classificação."
Logo mostrou-se ser impossível esgotar as leituras do filme em meia hora (!), mas, como dissemos, os elementos primordiais foram contemplados, os quais, certamente, darão conversa nos textos que aguardamos ansiosas até a semana que vem (para lembrar a proposta, ver postagem "Segundo encontro"). Havíamos planejado o comentário de uma novela do Decamerão também, mas ficou para a próxima.

1. CKLÓVSKI, Víktor. A arte como procedimento. In: Teoria da literatura - os formalistas russos. São Paulo: Globo, 1971. A tradução para o português é péssima, portanto sugiro ou a leitura no original russo ou a) em francês; b) em espanhol e c) em inglês, só que o título do livro muda conforme a língua, e o conteúdo da coletânea também, uma vez que título e seleção dependem do editor.
2. Forma que a arte tem de tornar “estranho” aquilo que tem uma existência comum nascido de um processo de automatização (processo que se confunde com a banalização do objeto de arte, que só por um outro processo de renovação poderá proceder a um renascimento da arte).
3. Professora de Teoria Literária da UFMG.

sábado, 25 de outubro de 2008

Sobre ' O Livro de Cabeceira', inspirado no Diário de Sei Shonagon

"Papel é pele e pele é papel, letra é imagem e vice-versa, erotismo e intelectualidade não se dissociam, tinta e sangue também não; o tradutor e o pai são um só e Nagiko é, sob muitos aspectos, sua própria versão de Sei Shonagon. É um filme digno de muitas visitas e aberto a várias leituras, como todo bom livro."

Fragmento do blogue 'O cinema do mundo', de Rhadi Nascimento

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Que situação...



Quem assistiu à última peça da Companhia Sutil - Educação Sentimental do Vampiro, de Dalton Trevisan - deve ter rido à bessa com essa cena, interpretada pelo Guilherme Weber. Trata-se de uma esposa que faz de tudo para o marido "comparecer", mas nem isso que vemos na imagem funciona... Hehehe...


segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Amor - pois que é palavra essencial

Este poema de Carlos Drummond de Andrade é uma ode ao Amor (Eros) e dialoga com nossa primeira proposta de texto para o Escrevivendo Memórias Eróticas. Vejam que o eu lírico exalta o Amor e pede que lhe envolva a canção e lhe guie o verso:

AMOR - POIS QUE É PALAVRA ESSENCIAL (1)

Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.

Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?

O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.

Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?

1. ANDRADE, Carlos Drummond. O amor natural. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.

Budapeste

Trechos do romance Budapeste (1) de Chico Buarque (Leia o relato do segundo encontro, em "Encontros") .


Kriska se despiu inesperadamente, e eu nunca tinha visto corpo tão branco em minha vida. Era tão branca toda a sua pele que eu não saberia como pega-lá, onde instalar as minhas mãos. Branca, branca, branca, eu dizia, bela, bela, bela, era pobre meu vocabulário. Depois de contemplá-la um tanto, desejei apenas roçar seus seios, seus pequenos mamilos rosados, mas eu ainda não tinha aprendido a pedir as coisas. Nem ousaria dar um passo sem o seu consentimento, sendo Kriska uma amante da disciplina. (...)
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Aí ela tirou pela cabeça o vestido tipo maria-mijona, não tinha nada por baixo, e fiquei desnorteado com tamanha brancura. Por um segundo imaginei que ela não fosse uma mulher para se tocar aqui ou ali, mas que me desafiasse a tocar de uma só vez a pele inteira. Até receei que naquele segundo ela dissesse: me possui, me faz amor, me come, me fode, me estraçalha, como será que as húngaras dizem essas coisas?” (...)

1. BUARQUE, Chico. Budapeste. São Paulo: Companhia das Letras, 2003.

Segundo encontro (18-10-2008)

Caros visitantes,
Eu e Mafuane não hesitamos em dizer que foi este o melhor encontro que experienciamos no Escrevivendo. Como disse a Mafu: "Ficou tudo redondo, lindo..." Neste relato que irão ler, saibam que se trata apenas de uma tentativa de representar a memória desse momento tão especial para nós.
Dia frio e nublado. Iniciamos nosso encontro, porém, inspirados por Eros, Psique, Afrodite e Marte, o que não poderia resultar em outra coisa senão muito ânimo e calor.
Após as devidas acomodações, troca de abraços e beijinhos habituais entre os participantes, perguntamos quem já havia visitado o blog e nos certificamos de que todos haviam recebido minhas sugestões a respeito da primeira proposta. Ficou combinado que não faríamos a troca em duplas desse texto, e sim iríamos realizar mais conferências para a próxima proposta, que não necessariamente anularia aquela, aliás. Todos responderam afirmativamente, então passei ao esclarecimento de uma questão recorrente em todos os textos, a qual eu já havia percebido quando da leitura que os autores haviam realizado no dia da produção: como a proposta era dirigir-se a Eros, pedindo-lhe inspiração, etc. (ver neste blog, à esquerda), os autores teriam de usar, obrigatoriamente, alguma forma de tratamento, exigência do gênero (mais ou menos como uma ode). Todos, sem exceção, misturaram as formas pronominais referentes ao tu, ao vós e ao você. A todos respondi individualmente, mas o que reforcei como um todo foi o fato de que, se essa mistura ocorrer, ela deve ser consciente, servir a um efeito de sentido diferente. Como exemplo, apresentamos o texto da Bruna (o primeiro postado aqui). Após conversarmos a respeito da adequação dos pronomes (tu, teu, tua, ti, etc., tens, podes, fazes; vós, vosso, vosso, vos, tendes, podeis, fazeis, etc.; você, seu, sua, tem, pode, faz, etc.; senhor = você, na conjugação), ela resolveu tratar Eros por "tu" durante todo o texto, apenas modificando seu tratamento na última frase, pois, uma vez conhecido e íntimo, o tratamento para com o ser amado muda. Perfeito!
A discussão sobre os pronomes estendeu-se a outros do português, a outras línguas, tendo sido discutidas várias práticas sociais e situações de comunicação. Como vêem, tentamos ao máximo não destratar nossa língua com mais gramaticalismo vazio e sim pensar a gramática na construção do texto, como os recursos estilísticos dos gêneros, dos quais fala Mikhail Bakhtin (1).
Logo depois, Mafuane fez a contação da história de Eros e Psique, seu nascimento e sorte. Foi emocionante e esclarecedora, tendo sido seguida de uma apresentação de slides muito sintética sobre o mesmo tema, rica em muitas imagens interessantes, como a do falo de Príapo, por exemplo (ver em "Leitura complementar", Eros x Príapo). Mafuane nos trouxe alguns livros interessantes, os quais constam de nossa bibliografia complementar.
Fizemos um breve intervalo e voltamos ao som de três canções: "Tango de Nancy", de Chico Buarque e Edu Lobo; "Explode coração", de Gonzaguinha, e "Sexo e amor", de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Arnaldo Jabor (as três letras já estão aqui e, em breve, os áudios também estarão. Ver também em "Leitura complementar" a crônica de Arnaldo Jabor que suscitou a canção de Rita Lee). Fizemos a interpretação e análise de texto de "Explode coração", destacando as imagens que o compositor construiu. Eu e Mafuane falamos o menos possível: sempre tentamos ouvir mais que falar, embora tenhamos feito nossas provocações e mediações, dando o fecho quando necessário.
Após a introdução, com a música "Sexo e amor" (que foi eleito o tema deste blog), lemos o poema de Drummond "Amor - pois que é palavra essencial" (v. em "Leitura complementar"), que dialoga com a mitologia grega e com Platão, além de ser uma ode, como a que pedimos aos escreviventes.
Já estávamos, então, prontos para iniciar nossa conferência sobre o Banquete, de Platão. Mafuane fez um resumo do discurso de Aristófanes, somente para aquecer, uma vez que todos tiveram o texto em mãos durante toda a semana, para ler, anotar e refletir. Além das provocações do próprio Platão (v. alguns trechos em "Leitura complementar"), levamos algumas definições de dicionário (2) de erotismo e pornografia, bem fechadonas, a fim de as abrirmos. O resultado foi um qüiproquó daqueles, uma delícia. Eu e Mafu intervíamos aqui e ali, esclarecíamos, provocávamos mais, mas a cena era dos escreviventes. Enquanto rolava o bate-boca, muita gente anotava, rabiscava.
Uma das provocações foi a leitura de Mafuane de dois trechos de Budapeste (3), um de uma descrição mais idealizada e outra mais erotizada. Da primeira vez que Mafuane os leu, fê-lo como se os trechos fossem de autores diferentes, e deu às leituras entonações bem destoantes; da segunda vez, quando os escreviventes perceberam-se ludibriados, foi feita a releitura, em tom mais condizente com o texto integral. Objetivo: mostrar que, no texto, deve-se considerar o todo, porque nem sempre os fragmentos conseguem representá-lo. A linguagem artística é complexa, não se podendo simplificá-la com títulos e rótulos. Erótico ou pornográfico? Sabe-se lá!
Deu 13h35 e, já atrasadas, passamos nossa segunda proposta de produção de texto, não sem antes distribuir o material que eles teriam de ler durante a semana, para a próxima conferência, além daquele que eles pesquisam sempre por conta. Pedimos que elaborassem um texto discutindo o que é (natureza, essência), para que serve (prática social, situação de comunicação) e como se constrói (linguagem, escolhas lingüísticas, imagens) um texto erótico e/ou pornográfico. Eles poderão acrescentar experiências, memórias em geral (de vida, de livros, de filmes, etc.). Esperamos que daí saia um texto híbrido de estrutura argumentativa e narrativa. Não especificamos o gênero, o que vier será bem-vindo.
NOTAS:
1. BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. In: Estética da criação verbal. São Paulo: Martins Fontes, 2003.
2. HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.
3. BUARQUE, Chico. Budapeste. São Paulo: Companhia das Letras, 2003

Poemas incandescentes

Por Roberto Dupré
"O sexo é algo que aguça e move tudo em nós." Aretino

I

No abraço do reencontro
Com o coração tonto de prazer e os corpos em chama,
Lutaram tanto e com tamanho empenho que,
Quando, finalmente, foram para a cama
Não havia mais nada a fazer

II

Ismália, a que da janela via duas luas ( uma, no céu; outra, no mar)
Nua, sob o véu de noiva,
Quando viu o firmamento pela primeira vez
Nem precisou olhar o céu

"Amor é prosa, sexo é poesia"

Em nosso primeiro debate sobre amor idealizado, erotismo e pornografia, discutimos o texto Banquete, de Platão e ouvimos três canções: "Tango de Nancy", de Chico Buarque e Edu Lobo, "Explode coração", de Gonzaguinha, e "Sexo e amor", de Rita Lee, Roberto de Carvalho e Arnaldo Jabor (v. "Músicas para amar").
Postamos agora a crônica de Arnaldo Jabor intitulada "Sexo é prosa, amor é poesia", na qual beberam Rita Lee e Roberto de Carvalho para compor sua canção (falaremos mais sobre intertextualidade adiante). Arnaldo Jabor também assina a obra, transpondo sua crônica para o gênero da canção. Propomos a leitura, a reflexão e o debate desse texto. Podem comentar no blog também! Mulheres, como esse texto foi escrito sob o ponto de vista do homem, dêem o olhar feminino a respeito!
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Por Arnaldo Jabor,
Sábado, fui andar na praia em busca de inspiração para meu artigo de jornal. Encontro duas amigas no calçadão do Leblon:
- Teu artigo sobre amor deu o maior auê... – me diz uma delas.
- Aquele das mulheres raspadinhas também... Aliás, que você tem contra as mulheres que barbeiam as partes? – questiona a outra.
- Nada... – respondo. – Acho lindo, mas não consigo deixar de ver ali nas partes dessas moças um bigodinho sexy... não consigo evitar... Penso no bigodinho do Hitler, do Sarney... Lembram um sarneyzinho vertical nas modelos nuas... Por isso, acho que vou escrever ainda sobre sexo...Uma delas (solteira e lírica) me diz:
- Sexo e amor são a mesma coisa... A outra (casada e prática) retruca:
- Não são a mesma coisa não...
Sim, não, sim, não, nasceu a doce polêmica ali à beira-mar. Continuei meu cooper e deixei as duas lindas discutindo e bebendo água-de-coco. E resolvi escrever sobre essa antiga dualidade: sexo e amor. Comecei perguntando a amigos e amigas. Ninguém sabe direito. As duas categorias trepam, tendendo ou para a hipocrisia ou para o cinismo; ninguém sabe onde a galinha e onde o ovo. Percebo que os mais “sutis” defendem o amor, como algo “superior”. Para os mais práticos, sexo é a única coisa concreta. Assim sendo, meto aqui minhas próprias colheres nesta sopa.O amor tem jardim, cerca, projeto. O sexo invade tudo isso. Sexo é contra a lei. O amor depende de nosso desejo, é uma construção que criamos. Sexo não depende de nosso desejo; nosso desejo é que é tomado por ele. Ninguém se masturba por amor. Ninguém sofre de tesão. O sexo é um desejo de apaziguar o amor. O amor é uma espécie de gratidão posteriori pelos prazeres do sexo.
O amor vem depois, o sexo vem antes. No amor, perdemos a cabeça, deliberadamente. No sexo, a cabeça nos perde. O amor precisa do pensamento.No sexo, o pensamento atrapalha; só as fantasias ajudam. O amor sonha com uma grande redenção. O sexo só pensa em proibições: não há fantasias permitidas. O amor é um desejo de atingir a plenitude. Sexo é o desejo de se satisfazer com a finitude. O amor vive da impossibilidade sempre deslizante para a frente. O sexo é um desejo de acabar com a impossibilidade. O amor pode atrapalhar o sexo. Já o contrrário não acontece. Existe amor sem sexo, claro, mas nunca gozam juntos. Amor é propriedade. sexo é posse. Amor é a casa; sexo é invasão de domicílio. Amor é o sonho por um romântico latifúndio; já o sexo é o MST. O amor é mais narcisista, mesmo quando fala em “doação”. Sexo é mais democrático, mesmo vivendo no egoísmo. Amor e sexo são como a palavra farmakon em grego: remédio e veneno. Amor pode ser veneno ou remédio. Sexo também – tudo dependendo das posições adotadas.
Amor é um texto. Sexo é um esporte. Amor não exige a presença do “outro”; o sexo, no mínimo, precisa de uma “mãozinha”. Certos amores nem precisam de parceiro; florescem até mas sozinhos, na solidão e na loucura. Sexo, não – é mais realista. Nesse sentido, amor é uma busca de ilusão. Sexo é uma bruta vontade de verdade. Amor muitas vezes e uma masturbação. Seco, não. O amor vem de dentro, o sexo vem de fora, o amor vem de nós e demora. O sexo vem dos outros e vai embora. Amor é bossa nova; sexo é carnaval.
Não somos vítimas do amor, só do sexo. “O sexo é uma selva de epiléticos” ou “O amor, se não for eterno, não era amor” (Nelson Rodrigues). O amor inventou a alma, a eternidade, a linguagem, a moral. O sexo inventou a moral também do lado de fora de sua jaula, onde ele ruge. O amor tem algo de ridículo, de patético, principalmente nas grandes paixões. O sexo é mais quieto, como um caubói – quando acaba a valentia, ele vem e come. Eles dizem: “Faça amor, não faça a guerra”. Sexo quer guerra. O ódio mata o amor, mas o ódio pode acender o sexo. Amor é egoísta; sexo é altruísta. O amor quer superar a morte. No sexo, a morte está ali, nas bocas... O amor fala muito. O sexo grita, geme, ruge, mas não se explica. O sexo sempre existiu – das cavernas do paraíso até as saunas relax for men. Por outro lado, o amor foi inventado pelos poetas provinciais do século XII e, depois, revitalizado pelo cinema americano da direita cristã. Amor é literatura. Sexo é cinema. Amor é prosa; sexo é poesia. Amor é mulher; sexo é homem – o casamento perfeito é do travesti consigo mesmo. O amor domado protege a produção. Sexo selvagem é uma ameaça ao bom funcionamento do mercado. Por isso, a única maneira de controla-lo é programa-lo, como faz a indústria das sacanagens. O mercado programa nossas fantasias.Não há saunas relax para o amor. No entanto, em todo bordel, FINGE-SE UM “AMORZINHO” PARA INICIAR. O amor está virando um “hors-d’oeuvre” para o sexo. O amor busca uma certa “grandeza”. O sexo sonha com as partes baixas. O PERIGO DO SEXO É QUE VOCÊ PODE SE APAIXONAR. O PERIGO DO AMOR É VIRAR AMIZADE. Com camisinha, há sexo seguro, MAS NÃO HÁ CAMISINHA PARA O AMOR. O amor sonha com a pureza. Sexo precisa do pecado. Amor é o sonho dos solteiros. Sexo, o sonho dos casados. Sexo precisa da novidade, da surpresa. “O grande amor só se sente no ciúme” (Proust). O grande sexo sente-se como uma tomada de poder. Amor é de direita. Sexo, de esquerda (ou não, dependendo do momento político. Atualmente, sexo é de direita. Nos anos 60, era o contrário. Sexo era revolucionário e o amor era careta). E por aí vamos. Sexo e amor tentam mesmo é nos afastar da morte. Ou não; sei lá... e-mails de quem souber para o autor.

sábado, 18 de outubro de 2008

Um Cupido Imprudente

Por Roberto Dupré

Como Eros, amo desmedidamente
E é tão cruel esse amor, que não sufoca apenas o amante.
Mata o ser amado.
Como Eros, amo desmedidamente
Um amor sem limites que
Ama todos: a mulher que amo, a mulher na rua,
A foto nua da garota-propaganda, a moça do tempo.
Amo o amor, Amo a beleza da atriz e da meretriz (magra ou gorda; loira ou negra; mocinha ou vilã).
Amo você.
E amo muito a vida que se esvai. Sou um escravo desse amor
O que faço em nome dele é monstruoso. Indescritível.
Digo que tenho que ser querido o tempo todo por você,
A quem mantenho encurralada
Na teia pegajosa do que chamo Amor
Na verdade, sou apenas um egoísta afogado em angústia.
(Proposta da aula de 11/10)

Explode Coração

Composição: Gonzaguinha

Chega de tentar dissimular e disfarçar e esconder
O que não dá mais pra ocultar e eu não quero mais calar
Já que o brilho desse olhar foi traidor
E entregou o que você tentou conter
O que você não quis desabafar

Chega de temer, chorar, sofrer, sorrir, se dar
E se perder e se achar e tudo aquilo que é viver
Eu quero mais é me abrir e que essa vida entre assim
Como se fosse o sol desvirginando a madrugada
Quero sentir a dor desta manhã

Nascendo, rompendo, tomando, rasgando, meu corpo e então eu
Chorando, gostando, sofrendo, adorando, gritando
Feito louca, alucinada e criança
Eu quero o meu amor se derramando
Não dá mais pra segurar, explode coração...

Tango de Nancy

Composição: Edu Lobo e Chico Buarque

Quem sou eu para falar de amor
Se o amor me consumiu até a espinha
Dos meus feijos que falar
Dos desejos de queimar
E dos beijos que apagaram os desejos que eu tinha

Quem sou eu para falar de amor
Se de tanto me entregar nunca fui minha
O amor jamais foi meu
O amor me conheceu
Se esfregou na minha vida
E me deixou assim

Homens, eu nem fiz a soma
De quantos rolaram no meu camarim
Bocas chegavam a Roma passando por mim
Ela de braços abertos
Fazendo promessas
Meus deuses, enfim!
Eles gozando depressa
E cheirando a gim
Eles querendo na hora
Por dentro, por fora
Por cima e por trás
Juro por Deus, de pés juntos,
Que nunca mais

Amor e Sexo

Composição: Rita Lee / Roberto de Carvalho / Arnaldo Jabor

Amor é um livro
Sexo é esporte
Sexo é escolha
Amor é sorte...

Amor é pensamento
Teorema
Amor é novela
Sexo é cinema..

Sexo é imaginação
Fantasia
Amor é prosa
Sexo é poesia...
O amor nos torna
Patéticos
Sexo é uma selva
De epiléticos...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!

Amor é para sempre
Sexo também
Sexo é do bom
Amor é do bem...

Amor sem sexo
É amizade
Sexo sem amor
É vontade...

Amor é um
Sexo é dois
Sexo antes
Amor depois...

Sexo vem dos outros
E vai embora
Amor vem de nós
E demora...

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão

Amor é cristão
Sexo é pagão
Amor é latifúndio
Sexo é invasão
Amor é divino
Sexo é animal
Amor é bossa nova
Sexo é carnaval
Oh! Oh! Uh!

Amor é isso
Sexo é aquilo
E coisa e tal!
E tal e coisa!
Uh! Uh! Uh!
Ai o amor!
Hum! O sexo!



Eros x Príapo

Eros é uma das “Divindades Primordiais”, aquelas que pertencem à “pré-história” da Mitologia grega. Segundo o pensamento órfico (de Orfeu, figura mítica que deu origem a uma doutrina filosófica e religiosa), Eros teria nascido do Ovo primordial (o Caos), engendrado pela Noite, cujas metades se separaram, dando origem à Terra e ao Céu. Ele é o princípio da atração universal, que leva as coisas a se juntarem, criando a vida. Eros é a força que assegura a coesão interna do Cosmos e a continuidade da vida na terra (1).

Eros e Psique
Para Platão, ele seria um dáimon, uma força espiritual intermediária entre a divindade e a humanidade. Na cultura romana, Eros é confundido com Cupido, filho de Vênus (a deusa do amor) e de Marte (o deus da guerra), representado como uma criança alada, nua, armada com arco e flechas ou com espada e escudo, símbolo da paixão arrebatadora. Acontece que, com o passar do tempo, se desfigurou o sentido etimológico da palavra “erótico”, reduzindo o conceito a um tipo de satisfação carnal proibida (“sexo sem pecado é como ovo sem sal”, diria o cineasta Luis Buñuel), à nudez, à sacanagem, aos filmes pornôs. Confundiu-se Eros com Príapo, o deus do sexo, representado com um falo enorme, protetor dos reprodutores e símbolo da procriação.


Príapo

O Eros verdadeiro é o deus do amor no seu sentido integral, que engloba corpo e alma. A atração puramente física é animalesca e não humana. É apenas o bicho que tem o período do cio. O homem e a mulher se amam (ou deveriam se amar!) sempre e em todos os lugares por uma comunhão de sentimentos que transcende o aspecto corporal.


O erotismo, que verdadeiramente funciona e que faz perdurar a atração recíproca por longo tempo, está no olhar apaixonado, na admiração que o amante sente pelas qualidades físicas e espirituais que consegue enxergar na pessoa amada. O erotismo, que realmente e de uma forma mais duradoura estimula o desejo, se encontra na poesia lírica, na pintura, na dança, nos filmes sentimentais, na arte em geral, pois supera o nível do real e penetra no mundo da fantasia, do sonho, do vago sentimento do inacessível.

Por esse prisma, os Cantos de Salomão e a poesia trovadoresca são mais eróticos do que o Kama Sutra. O erotismo está mais no sugerir do que no mostrar totalmente, no claro-escuro, na promessa do idílio, no mistério a ser desvendado, na repetição do ato do amor como se fosse sempre pela primeira vez.

Como diz a poeta Adélia Prado, “erótica é a alma”! Só que conhecer o espírito de alguém é bem mais difícil do que lhe conhecer o corpo. Manuel Bandeira nos oferece uma reflexão interessante a respeito:


Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque corpos se entendem; as almas, nem sempre.

E, sobre a renovação do desejo erótico, esta bela imagem do poeta Mário Quintana: “amar é mudar a alma de casa”.

Enfim, o erotismo, entendido como prática do amor num sentido bem geral, é onipresente em qualquer atividade humana bem-sucedida.

A escritora Lygia Fagundes Telles afirma acertadamente: “Vocação é ter a felicidade de ter como ofício a paixão”. Mas é a escritora existencialista francesa, Simone de Beauvoir, companheira do grande poeta-filósofo Jean-Paul Sartre, quem melhor define a essência da relação carnal: “O erotismo implica uma reivindicação do instante contra o tempo, do indivíduo contra a sociedade”.


Referência:

1. D´ONOFRIO, Salvatore. Pequena enciclopédia da cultura ocidental: o saber indispensável, os mitos eternos. Rio de Janeiro: Elsevier, 2005.

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Primeiro encontro (11-10-2008)

Caros amigos,


Hoje teve início mais um módulo do Escrevivendo, este Escrevivendo Memórias Eróticas. Nosso propósito com o presente tema é dar continuidade às discussões do módulo anterior (Escrevivendo Memórias de Amor), uma vez que não apareceram somente discussões e textos a respeito do amor idealizado. Houve muitos textos erotizados, e isso nos chamou a atenção para quais seriam os limites existentes entre amor idealizado, erotismo e pornografia. Pretendemos, então, trazer tal polêmica para cá, sempre visando ao cumprimento da proposta do Projeto Escrevivendo, que é uma só em todos os módulos.


Desta vez estamos ainda mais felizes, porque temos companhia! Além desta turma de escreviventes, há outras duas: uma às quintas-feiras, aqui na Casa das Rosas mesmo, e outra no Museu da Língua Portuguesa (veja o endereço do blog na coluna ao lado). Boa sorte para todos nós!


Pois bem, nosso primeiro encontro teve início com a habitual apresentação do Projeto Escrevivendo - sua proposta e o funcionamento da oficina - , uma apresentação de mim, Loreta, da Mafuane e dos participantes. Nosso público continua bem variado, mas, como todos estão ali buscando refletir sobre sua relação com a escrita - sua e do outro - , a turma logo fica coesa e o ambiente se torna familiar, aconchegante.


Em seguida, falamos um pouco sobre os mitos que cercam o ato de escrever, constantes do livro de Garcez (2004, p. 2-12), quais sejam:

a) escrever é uma habilidade que pode ser desenvolvida e não um dom que poucas pessoas têm;
b) escrever é um ato que exige empenho e trabalho e não um fenômeno espontâneo;
c) escrever exige estudo sério e não é uma competência que se forma com algumas "dicas";
d) escrever é uma prática que se articula com a prática da leitura;
e) escrever é necessário no mundo moderno;
f) escrever é um ato vinculado a práticas sociais.


Fizemos um rápido intervalo e voltamos falando um pouco a respeito de Eros, deus grego do Amor de cujo nome derivam vocábulos como erótico e erotismo. Logo depois, pedimos uma produção inicial, bastante simples - um elogio a Eros -, com a finalidade de 1) ter um primeiro contato com a escrita dos participantes e 2) já introduzir a discussão sobre o Banquete, texto de Platão que é um elogio ao amor. Eu e Mafuane não fizemos nenhuma restrição a respeito do gênero a ser desenvolvido, com exceção de eles terem de se dirigir ao Deus, adorando-o e pedindo-lhe inspiração para os próximos trabalhos. Eles tiveram cerca de 20 min. para realizar a produção, após o que iniciamos a rodada de leituras.

Todos conseguiram realizar a proposta e bem de acordo com o que prevíamos: textos encomiásticos, como as odes. Cremos que Eros tenha ficado muito satisfeito!

Vocês podem conferir os textos na coluna "Nossas memórias" (proposta de 11-10).

Proposta (11-10-2008):

Elaborar um elogio a Eros, adorando-o e pedindo-lhe inspiração para a escrita.
Por Bruna Nehring

Eros, eu não te conhecia.

Não sabia do teu cabelo liso, negro, comprido o suficiente para recolhê-lo atrás das orelhas.

Bastou eu perceber a intenção do teu olhar: vi teus braços jogados para trás, onde teus dedos, longos e nervosos, se agarraram ao suéter negro, arrancando-lhe as costas e passando-as por cima da cabeça, descompondo-te as mechas.

Por um momento o emaranhado de lã cobriu teu peito, enquanto teus braços continuavam presa daquelas mangas pretas.

Uma mão no ar, depois a outra.

Num segundo, teu tórax nu.

Aí eu soube quem era você.
____________________________________________________
Por Sandra Regina Bernabé Rodrigues
Eros, tua jovialidade e beleza me enfeitiçaram.
Encantada com tuas virtudes, me enfraqueci
Deixei-me envolver pelas flechas do Cupido

Fiquei cega e me apaixonei loucamente
O mundo a minha volta parecia não existir
A não ser o mundo que imaginava enxergar

Mas o tempo foi passando,
e aquela paixão que me escravizou
Foi aos poucos me libertando
Os meus olhos foram se abrindo
e aos poucos percebi que não fostes tão bom para mim:
Brincastes com meus sentimentos
e me fizestes sofrer.

No desamor, quis jogar-te meus ressentimentos.
Na reflexão, descobri que a culpa era dos homens
Homens imperfeitos que não sabem cultivar o verdadeiro amor.
____________________________________________________
Por Paulo Mayr
Eros,

Seu poderio é imenso.

Certamente, devemos ao seu talento um milagre: homens – muito racionais, pouco emotivos – e mulheres – sempre movidas pelo desejo – conseguirem viver momentos de amor.

Como somos bilhões de humanos, desentendimentos incontáveis, e o amor é alimento fundamental para a alma, suplico e sugiro:

Contrate assessores, muitos e muitíssimos eficientes assessores!
______________________________________________________
Por Luiza
Eros, ao te ver assim, nu, figura limpa, com o arco e a flecha na mão, penso comigo mesma: “Como és importante!” Porque para quem dirigires tua pontaria darás imenso prazer e dor.
Ó Eros, te venero, mas no meu íntimo também te odeio, por teres me unido a alguém que me fez mais mal do que bem.
Eros, te enalteço mesmo assim, porque sem a experiência não poderia haver este julgamento que tenho agora.
Por que não dizer que tua força está na oportunidade que nos dás de experienciar a paixão e o amor? Diferentes exercícios a cada alvo acertado por ti.
Eros, tu sabes de antemão que para nós, humanos, tão pequenos perto da tua sabedoria, será um caminho conflituoso e saboroso -- um presente dos deuses para nos elevar a uma condição mais divina, além das coisas terrenas, além muitas vezes da compreensão racional. Mesmo assim nos oferece.
Ó Eros, depois de tudo isso dito, devo reconhecer: venerar-te também é labuta, autoconhecimento, poesia e loucura.
________________________________________________
Docarmo
Coração do Éden, aos 18 de outubro de 2008.


QUERIDO AMIGO EROS,

Estimo que você esteja em perfeita forma e que todos os seus desejos sejam concretizados.
Aqui, em Coração, tudo continua maravilhoso: filhos, netos, genro e nora na maior harmonia, e suponho que estejam vibrando sob as influências de seu espírito entusiasta, uma vez que são jovens e com filosofia de vida nada parecida com a minha, que para o contexto social atual é considerada retrógrada.
Amigo, agradeço seu costumeiro convite, sempre tão amável e tentador, para mais uma reunião temática nos próximos finais de semana.

Como é de seu conhecimento, esse assunto é meio tabu para mim. Você conhece bem minha opinião sobre esse tema; continuo afirmando que quando existe amor verdadeiro tudo acontece suave e naturalmente romântico, dispensando estimulantes artificiais,
O que fazer e como decidir? Estou em uma encruzilhada.

Como aproveitar essa oportunidade de, mais uma vez, desfrutar da companhia dos amigos queridos e não compartilhar da leitura dos lindos textos e dos comentários sempre tão interessantes e esclarecedores, por ser um tema que me inibe e constrange?

Foi difícil encontrar uma solução satisfatória para esse impasse, mas a encontrei e tenho certeza de que você e todos os nossos amigos convidados irão aprovar minha decisão.

Amigo, até lá. Beijos e brilho,

Escrevivente Docarmo.
_______________________________________________
por Sandra Tanaka
Ó Deus dos ais,
e dos ai, ais.


Mestre do encanto
Transmutador de corpos


Desejo aflorado
em todos os sentidos


A irresistível flecha
Que lanças
Põe de joelhos
O mais forte dos mortais


Vences a inteligência,
As diferenças,
A moral


A vós que sois o oposto da morte
Devotamos a efêmera dádiva da vida.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

Prazeres da carne e literatura...

"Tenho certeza de que há duas coisas na vida
que são dignas de confiança:
Os prazeres da carne
E os prazeres da literatura
Eu tive a grande sorte
De desfrutar dessas duas coisas
Da mesma forma"

(Trecho do Diário de Sei Shonagon. Citado no filme: Livro de Cabeceira, de Peter Greenway)

Bibliografia

BENJAMIN, Walter. O narrador - considerações sobre a obra de Nicolai Leskov. In: Magia e técnica, arte e política. São Paulo: Brasiliense, 1993.

CAMARGO, Thaís Nicoleti de. Uso da vírgula. São Paulo: Manole, 2005.

CANDIDO, Antonio. A literatura e a formação do homem. In: Ciência e cultura, 24(9), p.803-9, set. 1972.

CANDIDO, Antonio. O direito à literatura. In: Vários escritos. São Paulo: Duas Cidades, 1995.

GARCEZ, Lucília Helena do Carmo. Técnica de redação - o que é preciso saber para bem escrever. São Paulo: Martins Fontes, 2004.

HOUAISS, Antonio. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001.

LÉVY, Pierre. Cibercultura. São Paulo: Editora 34, 1999.

MACIEL,Maria Esther.A memória das coisas.Rio deJaneiro:Lamparina editora,2004.

MARTINS, Eduardo. Com todas as letras - o português simplificado. São Paulo: Moderna, 2000.