quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Proposta (11-10-2008):

Elaborar um elogio a Eros, adorando-o e pedindo-lhe inspiração para a escrita.
Por Bruna Nehring

Eros, eu não te conhecia.

Não sabia do teu cabelo liso, negro, comprido o suficiente para recolhê-lo atrás das orelhas.

Bastou eu perceber a intenção do teu olhar: vi teus braços jogados para trás, onde teus dedos, longos e nervosos, se agarraram ao suéter negro, arrancando-lhe as costas e passando-as por cima da cabeça, descompondo-te as mechas.

Por um momento o emaranhado de lã cobriu teu peito, enquanto teus braços continuavam presa daquelas mangas pretas.

Uma mão no ar, depois a outra.

Num segundo, teu tórax nu.

Aí eu soube quem era você.
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Por Sandra Regina Bernabé Rodrigues
Eros, tua jovialidade e beleza me enfeitiçaram.
Encantada com tuas virtudes, me enfraqueci
Deixei-me envolver pelas flechas do Cupido

Fiquei cega e me apaixonei loucamente
O mundo a minha volta parecia não existir
A não ser o mundo que imaginava enxergar

Mas o tempo foi passando,
e aquela paixão que me escravizou
Foi aos poucos me libertando
Os meus olhos foram se abrindo
e aos poucos percebi que não fostes tão bom para mim:
Brincastes com meus sentimentos
e me fizestes sofrer.

No desamor, quis jogar-te meus ressentimentos.
Na reflexão, descobri que a culpa era dos homens
Homens imperfeitos que não sabem cultivar o verdadeiro amor.
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Por Paulo Mayr
Eros,

Seu poderio é imenso.

Certamente, devemos ao seu talento um milagre: homens – muito racionais, pouco emotivos – e mulheres – sempre movidas pelo desejo – conseguirem viver momentos de amor.

Como somos bilhões de humanos, desentendimentos incontáveis, e o amor é alimento fundamental para a alma, suplico e sugiro:

Contrate assessores, muitos e muitíssimos eficientes assessores!
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Por Luiza
Eros, ao te ver assim, nu, figura limpa, com o arco e a flecha na mão, penso comigo mesma: “Como és importante!” Porque para quem dirigires tua pontaria darás imenso prazer e dor.
Ó Eros, te venero, mas no meu íntimo também te odeio, por teres me unido a alguém que me fez mais mal do que bem.
Eros, te enalteço mesmo assim, porque sem a experiência não poderia haver este julgamento que tenho agora.
Por que não dizer que tua força está na oportunidade que nos dás de experienciar a paixão e o amor? Diferentes exercícios a cada alvo acertado por ti.
Eros, tu sabes de antemão que para nós, humanos, tão pequenos perto da tua sabedoria, será um caminho conflituoso e saboroso -- um presente dos deuses para nos elevar a uma condição mais divina, além das coisas terrenas, além muitas vezes da compreensão racional. Mesmo assim nos oferece.
Ó Eros, depois de tudo isso dito, devo reconhecer: venerar-te também é labuta, autoconhecimento, poesia e loucura.
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Docarmo
Coração do Éden, aos 18 de outubro de 2008.


QUERIDO AMIGO EROS,

Estimo que você esteja em perfeita forma e que todos os seus desejos sejam concretizados.
Aqui, em Coração, tudo continua maravilhoso: filhos, netos, genro e nora na maior harmonia, e suponho que estejam vibrando sob as influências de seu espírito entusiasta, uma vez que são jovens e com filosofia de vida nada parecida com a minha, que para o contexto social atual é considerada retrógrada.
Amigo, agradeço seu costumeiro convite, sempre tão amável e tentador, para mais uma reunião temática nos próximos finais de semana.

Como é de seu conhecimento, esse assunto é meio tabu para mim. Você conhece bem minha opinião sobre esse tema; continuo afirmando que quando existe amor verdadeiro tudo acontece suave e naturalmente romântico, dispensando estimulantes artificiais,
O que fazer e como decidir? Estou em uma encruzilhada.

Como aproveitar essa oportunidade de, mais uma vez, desfrutar da companhia dos amigos queridos e não compartilhar da leitura dos lindos textos e dos comentários sempre tão interessantes e esclarecedores, por ser um tema que me inibe e constrange?

Foi difícil encontrar uma solução satisfatória para esse impasse, mas a encontrei e tenho certeza de que você e todos os nossos amigos convidados irão aprovar minha decisão.

Amigo, até lá. Beijos e brilho,

Escrevivente Docarmo.
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por Sandra Tanaka
Ó Deus dos ais,
e dos ai, ais.


Mestre do encanto
Transmutador de corpos


Desejo aflorado
em todos os sentidos


A irresistível flecha
Que lanças
Põe de joelhos
O mais forte dos mortais


Vences a inteligência,
As diferenças,
A moral


A vós que sois o oposto da morte
Devotamos a efêmera dádiva da vida.

2 comentários:

Escrevivendo disse...

Sandra,

Não me lembro de ter perguntado antes: a mudança no tratamento de Eros - de "tu" para "vós" -, ao fim, foi proposital?

Adorei o poema!

Loreta

Karen Kipnis disse...

Olá, Sandra: li seu poema apenas agora e adorei! Parabéns!. Por onde tem andado? Volte para o módulo sobre Intertextualidade (maio/junho) na Casa das Rosas!
Beijo,
KK