Este poema de Carlos Drummond de Andrade é uma ode ao Amor (Eros) e dialoga com nossa primeira proposta de texto para o Escrevivendo Memórias Eróticas. Vejam que o eu lírico exalta o Amor e pede que lhe envolva a canção e lhe guie o verso:
AMOR - POIS QUE É PALAVRA ESSENCIAL (1)
Amor - pois que é palavra essencial
comece esta canção e toda a envolva.
Amor guie o meu verso, e enquanto o guia,
reúna alma e desejo, membro e vulva.
Quem ousará dizer que ele é só alma?
Quem não sente no corpo a alma expandir-se
até desabrochar em puro grito
de orgasmo, num instante de infinito?
O corpo noutro corpo entrelaçado,
fundido, dissolvido, volta à origem
dos seres, que Platão viu completados:
é um, perfeito em dois; são dois em um.
Integração na cama ou já no cosmo?
Onde termina o quarto e chega aos astros?
Que força em nossos flancos nos transporta
a essa extrema região, etérea, eterna?
1. ANDRADE, Carlos Drummond. O amor natural. São Paulo: Círculo do Livro, 1992.
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